segunda-feira, 24 de novembro de 2008

¿Hablás español? - Parte I

El ingenioso Don Quijote de la Mancha



Ao ser questionado sobre qual banda ou artista você está ouvindo, geralmente temos como resposta algo novo no cenário alternativo ou na grande mídia, até aqui nenhuma novidade, mas o que gostaria de chamar a atenção é: em qual idioma? Em início cito o português, por ser nosso idioma oficial, e a lista continua com o inglês, às vezes em maior número que as bandas nativas, devido ao forte mercado consumidor e exportador musical tanto britânico quanto americano. E em espanhol? Quanto você ouve ou conhece?
Recordo-me que, em minha infância, meus pais ouviam um LP (bolachão para os íntimos) do Fagner intitulado "Traduzir-se", e nele havia uma canção chamada "Años", em dueto com Mercedes Sosa. Na época, nem sabia que esta era uma das mais importantes cantoras argentinas e de língua espanhola de todos os tempos, tanto por seu talento indiscutível quanto por suas posições políticas, mas eu gostava muito pela sonoridade, a forma de cantar etc. Enfim, havia um timbre e estilo muito diferente do que o mercado pop vendia.
Depois na adolescência e fase adulta, voltei a escutar em espanhol quando ingressei em cursos desta língua, comecei a perceber o tamanho de seu poder!! Até aquele momento, também pensava como muitos: que a música em espanhol era brega, melancólica, ou em ritmo alucinado. Mas, felizmente, mudei meu conceito e recordei que ouvia coisas deste tipo, e sim música com qualidade. Atualmente, não só eu como o mundo descobriu sua preciosidade, e para isto posso citar o cantor uruguaio Jorge Drexler, que conseguiu a façanha de receber o Oscar de Melhor Canção Original (Al otro lado del río), pelo filme "Diários de Motocicleta", de Walter Salles. Esta foi a primeira canção em espanhol a ganhar um Oscar, em 2005.
Os exemplos citados anteriormente não são isolados em parcerias entre as línguas portuguesa e espanhola. Nos anos 90, Fito Paez (argentino), fez uma participação especial no Titãs - Acústico, sendo este um dos programas de maiores sucessos da série gravado pela MTV. E por falar em acústico, Julieta Venegas (Mexicana) participou em 2006, como convidada de Lenine em seu acústico, com a música "miedo", e retribuiu a gentileza com os brasileiros este ano, ao gravar seu próprio acústico, com a participação de Marisa Monte na música "ilusión".
Até agora citei apenas as parcerias, mas vale também ressaltar que quando olhamos para o outro lado, vemos que não existe tanta resistência quanto aqui, prova disto é o grande sucesso que Paralamas do Sucesso e Skank fazem, principalmente, na Argentina.
Para não ficar uma leitura tão cansativa, abordarei na segunda parte o trabalho de alguns artista que merecem atenção, pois o assunto é muito extenso e merece uma dedicação especial para não cometer excessos ou pecar pela ausência de citações. Em nosso Profile no orkut, colocarei vídeos para provar que todo este talento existe! Espero que apreciem "con mucho gusto" este tema. ¡Hasta luego!

Sugestões para pesquisar e ouvir:
Orishas
Buena Vista Social Club
Julieta Venegas
Jorge Drexler
Fito Paez
Kevin Johansen

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Banda Morfose: música para quem exige qualidade





Da esquerda para direita Fábio, Júlio, Guilherme e Abner
Foto: Alessandra P. Santos

               Tenho o grande prazer de apresentar a Banda Morfose, em bate-papo realizado entre Johnny, eu e a banda na última semana. Acredito que, nesta breve vida de escritor, não sabia que poderia enfrentar um texto tão interessante e desafiador quanto este. Meu objetivo é transmitir ao leitor todo carisma e simplicidade destes músicos, que desmistificaram um tema que pelo nome do estilo cega a muitos: música gospel. Mas não se iludam aqueles que acreditam que os músicos deste gênero usam somente ternos e falam somente de temas religiosos. Pelo contrário, ao decorrer do texto verá que fazem um trabalho muito bom entre o pop rock e o gospel, e tem até um integrante que não-evangélico, sendo mais uma prova de seu leque de variedades.

                A banda é formada por Abner (voz/guitarra), Guilherme (voz/ guitarra), Júlio (baixo) e Fábio (bateria). Abner disse que o nome significa “forma”, mas não só no sentido interior como exterior de todos, ou seja, qual formato você assume. E o fazem de forma ímpar: não se apresentam em traje social; Fábio tem piercing e tatuagem; não pertencem à mesma igreja evangélica, etc. Nesta questão, Abner disse que os evangélicos não têm mais esta visão, pelo contrário, as pessoas fora do meio religioso é que se estranham com isto. A idéia da banda teve início há apenas três anos com Abner e Fábio, depois entrou o Guilherme, houve alguns músicos até a entrada do Júlio, há seis meses, formando assim o início oficial.

Quanto ao estilo, Abner disse também que desde o início há um cuidado para não se auto-rotular, pois a banda está no gênero gospel pelo que começaram e continuam ouvindo, além dos princípios religiosos. Guilherme disse que costuma falar que eles são uma “banda” e não uma “banda gospel”, pois prefere que outros os ouçam e rotulem que a si mesmos.

                Nesta questão, Abner citou Mário de Andrade ao dizer que “as pessoas estão acostumadas a falar do rótulo, e não do conteúdo”, e completou com grande excelência ao dizer que os rótulos podem sofrer segregação, e que ele ouve Rosa de Saron (católica), Shelter (Hare Krishna), mas também Paralamas do Sucesso, Led Zeppelin e Foo Fighters, não importando seu estilo, desde que tenha qualidade.

                O Morfose tem composições escritas por Abner, Fábio e Guilherme. Eles estão em processo de criação, procurando um estilo próprio, segundo Júlio, e que já avançaram muito neste campo. Em suas letras, apenas ouvi-las não há como separa se gospel ou não, e em suas músicas levam em consideração a integridade e princípios. Johnny questionou sobre a possibilidade de fazer canções que usem o amor entre humanos e não entre humanos-Deus, que é um dos temas neste gênero, Abner disse que existem muitas composições nesta linha, e até brinca quando disse “... gospel também ama ...”.

Abner acredita que com a entrada do Júlio na banda, ela teve um novo rumo, e está começando a ouvir e conhecer música gospel. Mas isto é apenas adaptação quanto ao estilo, isto fica bem claro quando Guilherme, questionado sobre a sonoridade da banda, disse que “... não existe dó evangélico, ou dó secular, dó é dó. Se vai ser evangélico ou secular, depende de quem está ouvindo...”. Além disso, Júlio é guitarrista, mais uma dificuldade, na realidade um aprendizado, pois como guitarrista, há uma percepção maior no bumbo, por exemplo, e não na bateria como um todo, o que é feito pelo baixista, pois tem que estar sempre em sincronismo com o baterista.

                Ao tocarmos sobre mercado, Guilherme acredita que o mercado gospel está um pouco “perdido” quanto ao pop rock, quando disse que estão reaparecendo bandas antigas como Resgate e Oficina G3 (estas são percussoras da popularização do gênero gospel no Brasil, no início dos anos 90). Afirmou também que, atualmente, o gênero Black Music está muito em alta, e informou que o mercado gospel acompanha o mercado de música secular (termo que referencia músicas sem temática religiosa), mas também percebeu uma pequena queda no número de bandas neste estilo atualmente, reforçando que não há diferença de estilos entre os públicos. Atribui, como um dos fatores para esta queda, uma maior tendência ao louvor.

                E em falar em público, pelo menos para mim foi uma surpresa quando o Guilherme nos disse que há um bar evangélico, onde se apresentam bandas, mas ressalta que o custo é um pouco alto, devido ao número pequeno de espaços para este tipo de balada e apresentação. Questionei sobre como é estar nesta linha que separa o gospel do secular, uma vez que, aparentemente, o ouvinte sempre opta por um dos lados, Guilherme disse que não se sente neste “meio-termo”, pois além deles, conhece muitas pessoas que também ouvem música sem distinção, e cita o cantor João Alexandre, que até pouco tempo, cantava na noite, como profissional. Júlio foi incisivo ao dizer “... como eles me aceitaram eu vindo de fora, as pessoas de fora também deveriam aceitar a eles...”, mostrando que não deve haver preconceito quanto a isto, e Abner atribui um pouco deste preconceito ao rótulo.

                Quanto aos objetivos comerciais, no início não havia esta idéia, apenas tocar e não ter pressa ou forçar que isto aconteça. Eu até usei o termo “descompromisso com agenda”, o qual Júlio me corrigiu dizendo que “são passos seguros”, aprendendo a fazer tudo sem “atropelar” nenhuma fase, como exemplo, primeiro refazer os arranjos das músicas, depois a divulgação pela internet, etc. Como Guilherme disse: “... a banda também é diversão...”, para se referir ao prazer de tocar, e não apenas uma obrigação. Abner também definiu bem ao dizer que “...tudo é sério, mas a gente está sempre brincando.”

 A amizade e proximidade que foram se tornando mais fortes neste tempo, fortaleceu-os como banda, músicos e pessoa. E, como trabalho do Espaço Volume 10 é a integração entre músicos e público, sem distinção, percebi que eles já carregam em si estes ideais e o fazem valer com naturalidade.  Aliás, isso é um dos pontos fortes: deixar que o tempo leve, e parece que ele está muito a favor.

Parabéns ao MORFOSE pelo trabalho e ainda vamos ouvir falar muito deles!!

 

Lúcio Padrini

 

Para entrar em contato com a banda:

Contato: Guilherme - Tel.: (11) 8687-2879

E-mail: bandamorfose@hotmail.com

Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=8464952352281284135

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Conheça a Banda Moskolevô

Da esquerda para a direita: Flávio, Magrelo, Michel, Frank e Evandro.



Nesta semana, procurei conhecer um pouco mais sobre a banda Moskolevô, em uma entrevista com Magrelo (vocalista) e Evandro (guitarrista), realizada por mim e o Johnny (Fusa). Em um bate-papo entre amigos com duração de uma hora, eles falaram sobre a banda, estilo musical, influências, público, novo trabalho, etc.

A banda tem 9 anos e, segundo um dos perfis no Orkut da banda (isso mesmo, eles têm dois perfis, pois o primeiro está lotado!), o significado de Moskolevô “...é uma gíria antiga dos skatistas. É o mesmo que vacilar e alguém tomar proveito disso pra passar por cima de você.”  Tem como formação atual: Magrelo (vocal), Evandro (guitarra e vocal), Flávio  (guitarra), Frank (contra-baixo) e Michel (bateria). O que não podemos deixar de lado é que tanto o Magrelo, como o Michel (ambos desde a primeira formação) são skatistas, o que contou bastante para a energia e empolgação que a banda transmite, sem se apegar a modismo. Neste período, eles se apresentaram em shows pela Metropolitana FM, 89 FM e abertura de outras bandas.

Segundo Magrelo, a banda segue um estilo hardcore com influência californiana (por exemplo Pennywise), e em suas letras, as quais são todas em português, disse que “... a língua é essencial pra poder transmitir as idéias ...”, além de usar uma definição interessante, dizendo que fazem “... os sons da rua para nossas ruas...”, pois cantam o cotidiano de todos de forma bem objetiva, sem pregar caminhos certos e absolutos, mas que também “brincam” com algumas letras, quando mesclam essa brutalidade da vida com estórias fictícias. Os responsáveis pelas composições são o Evandro e o Magrelo.

Ao questionar sobre as influências pessoais, o Magrelo disse que ouve atualmente Rappa, Rage Against the Machine, e cita o Michel, que ouve Zeca Pagodinho; Frank, que ouve Metallica, Charle Brown Jr., CPM 22 e Joe Satriani; e o Evandro comentou que escuta  The Clash, The Police, Jorge Vercílio e Sublime. Evandro comentou sobre ”...  deixar um pouco de lado agradar a banda e sim o público, ter musica que chegue ao ouvido delas. Ouvir até o que não gosta, para ter referência...” .Com isto,  dizem que o músico deve “... saber lidar com a crítica, correr o risco...”.

            Não poderia deixar de perguntar quais os prós e os contras deste “caldeirão”. Magrelo cita como ponto positivo: “... perceber o que precisa ser feito na música...”, quando há a necessidade de uma “pegada” mais hardcore ou ska, que ele cita como exemplo Sublime; e negativo: “... a divergência musical...”, pois, de alguma forma, todos tentam incluir suas influências na música. E Evandro também completou com um pensamento muito firme e condizente com seus objetivos: “... mais que estilo, é a escolha de tocar música ...” .

E para viver isso, deve-se haver uma dedicação tanto coletiva (banda) como individual (integrante). Neste assunto, Evandro disse que há descentralização dos afazeres: música, divulgação, agenda, etc. Além disso, disse que vale a pena estudar o instrumento que toca, mas alerta: “...  Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Se for virtuoso é chato, se nem está nem aí, pode se tornar ruim ...”.

Nesta dedicação, outro assunto complicado é o ensaio. No Moskolevô, há maleabilidade, ou seja, pode haver a falta de um integrante, mas com aviso prévio. E colocam que há regras que devem ser seguidas, uma delas, o horário (este é um tormento para muitos!).

E para aqueles que acompanham o cenário musical, percebem o quanto se movimenta e expande o cenário independente. Ao questionar sobre este tema, Magrelo disse que o mercado underground é bom, se houver uma boa divulgação, e há shows sempre, mas ressalta: é difícil conseguir um grande cachê igual às “bandas de mídia” (bandas que aparecem freqüentemente em programas de TV e rádio) ou até vender o próprio CD em seus shows, mas apesar desses obstáculos, vive o que gosta de fazer.

Ele completa que a opção por tocar composições próprias, torna o caminho mais longo, mas não vê nada contra o cover, principalmente por que, às vezes, representa as influências (o moskolevô  tem forte influência dos anos 90 e do cenário underground). Se houvesse um ganho fixo, mesmo sendo pouco, poderia optar em viver da banda, e ainda completa que “... o cenário independente anda devagar e pra frente  ...” . Fato que chamou a atenção foi o comentário ao dizer do prazer do reconhecimento do público, quando as pessoas os vêem e os cumprimentam por algum show que fizeram. Nada mais justo pelos anos de estrada, e mostra a vida existe no mundo underground.

            Falando em trabalho, eles lançaram um EP em abril deste ano, o qual eles definem como resumo do Moskolevô: entradas e saídas de integrantes, muitas coisas criadas e/ou decididas no estúdio, problemas pessoais dos integrantes durante a gravação, razão que acreditam que houve o fortalecimento dos integrantes, pois, nesta fase, o mundo era deixado do lado de fora. Este trabalho teve duração de 6 meses, com produção da banda. E há material para um CD novo, para o final do próximo ano com aproximadamente 12 faixas.

Ao final da conversa pedi para que eles deixassem uma palavra para todos e me deixou uma impressão de qual a imensa dedicação destes músicos para sua banda quando Magrelo disse: “como músico, é você persistir”; e Evandro: “Suor, sangue e inspiração. Acordo música, respiro música e durmo música”.

Muita sorte e muitos shows para a banda e seus integrantes!


Lucio Padrini


Para conhecer mais a banda ou ouvir o CD, basta clicar em algum dos endereços abaixo:

Site oficial: http://www.moskolevo.com

Perfil No Orkut I:  http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=4859171384202844772

Perfil no Orkut II: http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=9087019193794526634

Comunidade no Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6331585

Palco MP3: http://palcomp3.cifraclub.terra.com.br/moskolevo

Bandas de garagem: http://bandasdegaragem.uol.com.br/hotsite/musicas.php?id_banda=8574